Mayra Andrade

Nooossinhora quanto tempo, hein? Mas perdoa, minha gente, titia aqui quer bater pro gol e defender ao mesmo tempo (#copafeelings) Mas tiro a camada grossa de poeira desta seção com alguém que vale muiiito a pena conhecer. Nos últimos meses descobri a Mayra Andrade e não paro de escutar. É no looping sem dó, porque ela faz um som que talvez busque há tempos. É atemporal. É música do mundo, em várias línguas, com sonoridades diversas e deliciosas, mas ao mesmo tempo tem tradição dos lugares de onde ela viveu.
A Mayra nasceu em Havana, cresceu em Cabo Verde e há anos vive em Paris. Mas já passou por Senegal, Alemanha e Angola. Toda estas influências estão nítidas em quatro discos lançados, o “Navega” (2006), “Storia Storia” (2009) “Studio 105” (2010) e o último “Love Difficult” (2013) cantados em quatro idiomas: Francês, Inglês, Português e na LINDA língua Crioulo Cabo-Verdiano. Esta última tem sido meu xodó desde que a descobri. A língua é sonora, gostosa de escutar. Tem a base portuguesa por conta do processo de ocupação do Arquipélago e com isso a gente reconhece algumas palavras quando a ouvimos. Um exemplo bem pequeno na escrita: ómi (homem) strétu (estreito) tchúva (chuva) nómi (nome). Super me empolgo com estes pequenos desafios. Por horas soa estranho, pois de forma surpreendente, a palavra termina diferente do que a gente imaginava. E ó eu toda gaiatada estudando o Crioulo pela net? Já já solto um post só nele pra vocês. Rá! Mentchera, néamm?
Engraçado que já conhecia a Mayra sem saber. É ela quem participa da canção “Beleza” com Mariana Aydar no disco ” Peixe, Pássaros, Pessoas” que sou viciada. Super. Ela já passou várias e várias vezes pelo Brasil e tem uma relação forte com nossa nação. A começar por um dos produtores do seu disco, o Alê Siqueira e músicos como Marco Suzano e Jacques Morelebaun. Quando criança ouvia Elis Regina e Maria Bethânia. Já cantou com o mestre Dominguinhos, já participou do DVD da Mart’nália e tantos outros artistas. Vendo a Mayra falar algumas vezes concordo quando ela diz que há um ponte enorme entre Brasil e África, mas que há tempos se perdeu. Daí surge a arte de uma jovem como ela pra fazer com que isso seja reconstruído aos poucos.
Em seus trabalhos, as canções são recheadas por uma percussão marcante, ritmo gostoso, alguns deles baseados em ritmos nativos de Cabo Verde como a Coladeira, Bandeira e Morna. Este último é tipo de música com andamento mais lento e cultivado em praticamente todas as ilhas. É a cara do lugar. Mas todos eles têm em comum a percussão, criatividade. É dançante. O que Mayra traduz com melodias elegantes, sofisticadas, de uma beleza genial. E porque não, tropical? Mais minha cara impossível! É, sou apaixonada. Muito! Algumas canções me ganharam de imediato: “Storia Storia” e o seu refrão fofo, “Mana” me arrepia assim como “Tchapu na Bandera”, com “Lapidu na Bo” e “We Used to Call It Love” canto até doer a goela. Escolhi o Cd “Love Difficult” pra compartilhar.
Pra mim representa muito o que ela é. Livre, eclético. Inesperado. “Téra Lonji” é uma das minhas preferidas! Fala do amor pela terra, além de “Tré Meninu” de uma fofura que só sobre a amizade entre Cadu, Sarita e Alexandrino, o “triiu maravilia”. Nunca consigo escutar uma vez só. Clica e aproveita!